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A Filarmónica União Taveirense comemora, durante este mês, 137 anos. Com concertos, encontros de bandas e a camaradagem que a caracteriza desde 1869. Corria o ano de 1869, quando o padre João Pessoa Godinho e D. Duarte Mello, visconde de Taveiro, decidiram fundar uma banda de música na margem esquerda do Mondego...
De 1869 aos dias de hoje foram muitas as mudanças na Filarmónica União Taveirense. Desde logo na designação, começando por ser "Real Philarmónica", na passagem das arruadas aos concertos e lançamento de um cd, bem como na constituição de uma orquestra ligeira, escola de música e até à criação de um hino próprio, nos anos 60, da autoria de Manuel Eliseu.
Na celebração dos 137 anos, que acontece nos próximos dias 21, 22, 23 e 24, a actual direcção mostra a virtudes das dezenas de executantes da União Taveirense, mas não esquece os que, ao longo dos anos, fizeram a fama da colectividade. Assim, a noite de dia 21 é para convívio de sócios e apresentação dos alunos da escola de música e banda juvenil, sendo a noite de sábado preenchida com um espectáculo musical que vai transportar o público a "40 anos de canções, 40 anos de emoções". O destaque do dia 23, domingo, vai para o encontro de bandas com participação da bandos dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras e para a homenagem aos antigos maestros, com descerramento das suas fotos. Na segunda-feira, 24, é dia de café concerto e espectáculo de variedades.
José Carlos Tapadinhas, presidente da direcção da Filarmónica União Taveirense, os objectivos imediatos da colectividade passam pela constante melhoria da qualidade do reportório, pela aquisição de instrumentos para a escola de música e participação em vários encontros de bandas, nos quais se tem destacado. Em Novembro, a Filarmónica organizará um masterclass de percussão que, à semelhança dos realizados com as madeiras e os metais, deverão ter grande afluência.
Corria o ano de 1869, quando o padre João Pessoa Godinho e D. Duarte Mello, visconde de Taveiro, decidiram fundar uma banda de música na margem esquerda do Mondego. Assim, não admira que com um sacerdote e titular na sua génese, tivesse tudo de monárquica, a começar pelo nome -"Real Philarmónica União Taveirense.
No início, os executantes da "Real Philarmónica" eram apenas homens, na sua maioria, até, sem saberem ler nem escrever.
Como outras bandas filarmónicas, a "Real", que foi rebaptizada como Filarmónica União Taveirense, atravessou as convulsões políticas do princípio do século, adaptando-se à República, primeiro, e ao Estado Novo, depois.
No período difícil e complexo do pós 5 de Outubro, teve, aliás, um papel importantíssimo na "resistência" da matriz religiosa do povo, ante os avanços do anticlericalismo de Estado. Já no período salazarista, foi a componente festiva a marcar pontos, com a música a acompanhar todas as pequenas e grandes inaugurações. Desde 1985 que registou um crescendo a nível dos objectivos artísticos e técnicos.
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in: Correio de Coimbra, 13abril06